Mais um canal a unir o Atlântico e o Pacífico poderia vir a cortar a América Central de costa a costa e fazer concorrência ao Canal do Panamá, o único que até agora estabelece a comunicação entre dois oceanos. O projecto constitui um compromisso estruturante para o mandato do Presidente Nicaraguense, Daniel Ortega, teria, para já, a garantia de participação de capitais chineses.
A ideia não é nova e tem voltado ciclicamente ao debate público no pequeno país centro-americano, como uma das saídas possíveis para a situação de pobreza crónica que o aflige. Ultimamente, foi anunciada pelo presidente Ortega na presença de Barack Obama, em encontro realizado com a participação de ambos no início de Maio, em São José, da Costa Rica.
O presidente sandinista, inimigo histórico da hegemonia norte-americana no istmo, apresentou a decisão como estando ainda aberta a aceitar uma participação dos Estados Unidos. Segundo citação do diário espanhol El Pais, afirmou nessa ocasião, dirigindo-se a Obama: "Presidente, nós vamos com o canal pela Nicarágua, estamos a trabalhar com uma empresa chinesa e claro que nos interessaria que investidores norte-americanos participassem neste projecto".
O apelo à participação de capitais norte-americanos deixa o presidente Obama na situação desconfortável de embarcar num projecto que foi desenhado sem consulta prévia à grande potência do Norte, ou de enfrentá-lo e procurar impedir a sua concretização.
A tentação de enveredar por esta via seria forte e teria tradições na política externa norte-americana, que ainda hoje mantém o boicote comercial a Cuba. Com efeito, os EUA continuam ainda hoje a exercer um controlo apertado sobre o Canal do Panamá, símbolo da dependência em que mantêm toda a América Central como o seu "pátio traseiro".
Um segundo canal viria desvalorizar o investimento norte-americano no Canal do Panamá e criar alternativas para a navegação interoceânica, não controladas pelos EUA. E, para além dessa preocupação mais genérica, existe a que é suscitada pelo anúncio de uma participação de capitais chineses, já em estado avançado de negociação.
Mas a opção pelo confronto com o projecto de Ortega teria para os EUA o inconveniente de renunciar a qualquer possibilidade de influenciar o projecto "por dentro". A influência externa determinante poderia, assim, ficar nas mãos do Estado chinês, eventualmente através da companhia de telecomunicações Xinwei, que desde o ano passado tem já uma posição sólida no sistema comunicações da Nicarágua e que agora se especula venha a ser o pivot do projeto de canal.
Para já, está oficialmente anunciado que uma empresa com sede em Hong Kong, a HK Nicaragua Canal Development Investment Co. Ltd. vai promover os investimentos para o novo canal, que deverão ascender a 40.000 milhões de dólares. O presidente da empresa, Wang Ji, é também presidente da Xinwei. Um dos assessores, Laureano Ortega, é filho do presidente nicaraguense.
Mas a opção pelo confronto com o projecto de Ortega teria para os EUA o inconveniente de renunciar a qualquer possibilidade de influenciar o projecto "por dentro". A influência externa determinante poderia, assim, ficar nas mãos do Estado chinês, eventualmente através da companhia de telecomunicações Xinwei, que desde o ano passado tem já uma posição sólida no sistema comunicações da Nicarágua e que agora se especula venha a ser o pivot do projeto de canal.
Para já, está oficialmente anunciado que uma empresa com sede em Hong Kong, a HK Nicaragua Canal Development Investment Co. Ltd. vai promover os investimentos para o novo canal, que deverão ascender a 40.000 milhões de dólares. O presidente da empresa, Wang Ji, é também presidente da Xinwei. Um dos assessores, Laureano Ortega, é filho do presidente nicaraguense.
Fonte: RTP.

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