O mar significa 2,5% do PIB, mas a sua contribuição direta vai crescer exponencialmente, afirma António Belmar da Costa, diretor executivo da AGEPOR, Associação dos Agentes de Navegação de Portugal que tem este tema para o seu 8º Congresso
O que é expetável sair, em termos de conclusões, do próximo congresso da AGEPOR?
Os Congressos da AGEPOR, por norma, não pretendem ser uma manifestação da classe nos quais as conclusões são mensagens e recados que se pretendem passar para o exterior. Ao invés, os nossos Congressos pretendem ser, por excelência, uma festa e um convívio entre os Agentes de Navegação, seus Associados, e os parceiros que, no dia-a-dia, convivem connosco nas operações e em negócios que se realizam ao longo de toda a cadeia logística.
Por isso mesmo convidámos para virem pensar, conhecer melhor e viver connosco "O Mar de Amanhã" praticamente todos aqueles são imprescindíveis nesta reflexão. Esperamos ter assim no próximo dia 10 de Maio connosco o Governo, Administrações Portuárias, Operadores Portuários, Sindicatos, Alfândega, Serviço de Estrangeiros, Sanidade, Marinha, Capitanias, Regulador, Armadores, Transitários, Operadores Logísticos e Carregadores/Recebedores.
Quisemos que se juntassem também nesta reflexão as Comunidades Portuárias e os atores da cadeia logística, pois sabemos que é da cooperação entre todos que se constrói um Setor Marítimo e Portuário mais coeso e comprometido, com evidentes ganhos para todos.
Que impacto poderá ter o mar no crescimento do PIB nacional?
Dois dos estudos recentes e mais emblemáticos acerca do Mar e da sua potencialidade económica, "Hypercluster da Economia do Mar" e "Blue Growth for Portugal" apontam que a contribuição direta das atividades marítimas representa cerca de 2% e 2,2% do PIB e o documento "Economia do Mar em Portugal" coordenado em 2012 pela Direção Geral de Política do Mar, referia mesmo que essa contribuição ascendia a 2,5% do PIB.
Nesse sentido, tomando como referência os objetivos enunciados na "Estratégia Nacional para o Mar" que apontam para um crescimento de 50% na contribuição direta das atividades marítimas para o PIB até 2020, e fazendo contas pelo "cenário" mais favorável, o crescimento expectável elevaria a contribuição para 3,75% do PIB
O que fazer para ir buscar recursos ao mar numa conjuntura sem capacidade de alavancagem de fundos públicos e privados?
Sabemos já que grande parte dos recursos que se irão buscar no futuro ao mar está dependente de indústrias de capital intensivo e tecnologicamente muito avançadas. Os investimentos terão que conhecer escalas que ultrapassam em muito a capacidade das empresas portuguesas, não sendo portanto expectável que elas possam liderar áreas como, por exemplo, a mineração marítima.
No entanto, isso não significa que as empresas e os portugueses se devam alhear desse enorme potencial de oportunidades que surgirão no mar. Uma estratégia concertada com a participação pública e privada deve garantir que a concessão (se esse for o regime) de territórios marítimos sob controle nacional se faça com a maximização do aproveitamento tecnológico, industrial e o know-how em determinados domínios da indústria portuguesa.
Como tem evoluído a indústria dos agentes de navegação, tendo em conta um aumento dos trânsitos com as exportações, mas também uma substancial redução das cargas nas importações?
Em Portugal existe muito o hábito do queixume, mesmo quando os "ventos" sopram de feição. Existe uma cultura de ser preferível aparentar desalento ao invés de assumir que "as coisas" estão a correr bem. Seria muito injusto e, no meu entender, até ofensivo para quem noutros sectores de atividade luta com enormes dificuldades, que expressasse algum desalento quanto à situação que a generalidade dos agentes de navegação vive atualmente.
Claro que pontualmente alguns poderão estar a ter dificuldades e que muitos sentiram na pele os efeitos da greve na estiva que, no segundo semestre de 2012, fustigou alguns importantes portos nacionais. No entanto, e porque as exportações têm tido um crescimento continuado, os Agentes de Navegação têm beneficiado desse incremento. De notar também que a desagregação macro do crescimento das exportações mostra uma realidade que tem vindo a divergir do padrão histórico dos destinos das nossas exportações e que vem em favor do negócio dos Agentes de Navegação.
O aumento das exportações faz-se sobretudo à custa de destinos só alcançáveis por Mar, e nesse sentido o transporte marítimo, bem como o movimento nos portos, ao invés do transporte rodoviário (exportações direcionadas para a Europa com grande incidência no mercado espanhol), tem conhecido um crescimento que a Imprensa tem continuamente destacado.
Quanto às importações, sendo uma realidade que estão a decrescer, a desagregação por origens deixa também antever que caem muito mais as oriundas de Países europeus (e utilizadoras do transporte rodoviário) que das que nos chegam por mar, até porque muita da matéria-prima que incorporamos nas exportações é oriunda de países não europeus.
Fonte: Vítor Norinha/OJE

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