O Mundo vive actualmente, pela segunda vez em dez anos, um
episódio em massa de branqueamento de corais devido às temperaturas recordes
dos oceanos, alertou esta segunda-feira a NOAA - Agência norte-americana de observação
oceânica e atmosférica.
Este declínio ameaça a sobrevivência dos recifes de coral em
todo o Mundo, incluindo a Grande Barreira de Corais, perto da Austrália.
"À medida que os oceanos continuam a aquecer, o
branqueamento dos corais torna-se mais frequente e severo", alertou Derek
Manzello, coordenador do Observatório de Recifes de Coral da NOAA.
Ligado ao aumento da temperatura da água, este processo que
resulta na descoloração pode levar à morte destes organismos vivos em caso de
exposição prolongada ou severa ao stress térmico.
Mas o fenómeno pode ser reversível: os corais afetados podem
sobreviver se as temperaturas baixarem e outros fatores de stress, como a pesca
excessiva ou a poluição, forem reduzidos.
O atual episódio de branqueamento é o quarto registado pela
NOAA desde 1985. Os anteriores foram observados em 1998, 2010 e 2016.
"A escala e a gravidade do branqueamento em massa dos
corais são uma prova clara dos efeitos nocivos das alterações climáticas
hoje", apontou Pepe Clarke, da organização não-governamental (ONG)
ambiental WWF.
A NOAA estima que o planeta já perdeu 30 a 50% dos seus
recifes de coral e que estes poderão, sem grandes alterações, desaparecer
completamente até ao final do século.
A temperatura dos oceanos, que desempenham um papel
fundamental na regulação do clima global, atingiu um novo recorde absoluto em
março, com uma média de 21,07°C medida na superfície, excluindo áreas próximas
dos polos, segundo o Observatório Europeu Copernicus.
As colónias de corais são compostas por pequenas criaturas
chamadas pólipos, que produzem um exoesqueleto de calcário. As ondas de calor
matam os animais simplesmente pelo excesso de calor ou pela expulsão dos seus
corpos das algas que lhes fornecem nutrientes: isto é o branqueamento dos
corais.
"De fevereiro de 2023 a abril de 2024, foi observado um
branqueamento significativo de corais nos hemisférios norte e sul de cada
grande bacia oceânica", vincou Derek Manzello da NOAA.
Tais fenómenos foram observados desde o início de 2023 na
Florida (sul dos Estados Unidos), nas Caraíbas, no Brasil e até no Pacífico
tropical oriental.
As consequências de tais fenómenos são múltiplas: afetam os
ecossistemas oceânicos, mas também as populações humanas, impactando a sua
segurança alimentar e as economias locais, particularmente o turismo.
Segundo a WWF, cerca de 850 milhões de pessoas em todo o Mundo dependem dos recifes de coral para a sua alimentação, o seu trabalho e até mesmo para a proteção das costas.
Desempenham também um papel importante nos ecossistemas marinhos, onde mais de um quarto das espécies marinhas fixaram residência.
Os recifes de coral constituem assim "um exemplo visual e contemporâneo do que está em jogo com cada fração de grau de aquecimento", sublinhou Pepe Clarke da WWF.
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