A festa
faz-se no porto de Sines, que recebe 20 embarcações - alguns
dos maiores veleiros do mundo. São esperadas 300 mil pessoas no The
Tall Ships Races
Hoje,
em terra, a caldeirada até é generosa e "inunda" de bom
cheiro o convés da caravela Vera Cruz. No tacho há garoupa, raia,
pata-roxa, tamboril e safio. Mas no alto mar é bem diferente. "Não
há nada disto. Vai tudo contado e só comemos peixe fresco quando
conseguimos pescar. De resto, é bacalhau, por ser salgado, atuns e
alguma carne", explica o cozinheiro de serviço. Eugénio
Ribeiro admite que ou se avia bem em terra e preenche a agenda com a
logística adaptada às tiradas ou corre o risco de deixar a
tripulação sem comida. "Em 17 anos nunca aconteceu", diz
orgulhoso.
São
histórias como as que se têm vivido na pequena cozinha da Vera Cruz
que podem ser ouvidas pelo público que visitar o porto de Sines,
onde estão atracados alguns dos maiores veleiros do mundo que
participam no Tall Ships Regata 2017, que vai percorrer sete mil
milhas náuticas transatlânticas, visitando sete países.
Sines,
historicamente ligada aos caminhos do mar, de onde partiu o
explorador Vasco da Gama, recebe cerca de 20 embarcações, com perto
de mil tripulantes. Há garrafas de vinho da costa alentejana
amadurecido no fundo do mar durante sete meses para oferecer aos
navegadores, com uma qualidade nunca alcançada por estas paragens.
São aguardadas 300 mil pessoas até domingo, quando a regata segue
para as Bermudas com passagem por Las Palmas. Em 2016, Lisboa recebeu
a The Tall Ships Races, garantindo 650 mil espectadores, 3797
tripulantes e 51 navios.
Enquanto
Eugénio Ribeiro espeta o peixe e dá a caldeirada como estando no
ponto para ir à mesa, na proa o Director da tripulação, Felipe
Costa, explica a visitantes de "palmo e meio" que nos
tempos dos descobrimentos a tripulação dormia no chão durante
quatro longo anos. "E não se tapavam? Não tinham frio?",
perguntava o João. "Usavam serapilheira, mas também lhes era
dado vinho. Meio litro ao almoço e um litro ao jantar",
explicava Felipe.
Risos.
"Sim, às vezes a bebida provocava zaragata", confirmava,
aproveitando para exortar a importância da "camaradagem" a
bordo.
Entre
os grandes navios atracados em Sines está o navio-escola Sagres, com
120 tripulantes e capacidade de embarque para 60 cadetes, sendo mesmo
o mais visitado pelos milhares de pessoas que ontem já estiveram no
certame, que inclui muita animação nocturna. O comandante António
Gonçalves elogiava as "águas profundas" do porto
alentejano, sobretudo por estar "em contacto com o oceano. Não
é preciso navegar muitas milhas, como em Lisboa ou em Setúbal, para
se chegar ao porto. Está dentro do oceano e também por isso tem uma
grande dinâmica de crescimento", sublinhou.
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