sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Estaleiros de Viana morrem aos 69 anos. West Sea nasce em Janeiro


Empresa nacionalizada em 1975 estava há mais de dois anos parada, com 620 trabalhadores que vão ser alvo de despedimento colectivo
A polémica ainda vai durar uns dias mas o destino dos Estaleiros de Viana está traçado. A empresa, criada em 1944 e nacionalizada em Setembro de 1975, acabou e vai dar lugar em Janeiro à West Sea, uma empresa privada do grupo Martifer, que ganhou o concurso para subconcessão dos terrenos e instalações dos estaleiros até 2031, mediante o pagamento de uma renda anual de 415 mil euros. Os actuais 620 trabalhadores vão ser alvo de um despedimento colectivo em que o governo espera gastar entre 25 e 30 milhões de euros. A nova empresa admite voltar a contratar alguns dos trabalhadores entretanto despedidos, até 400, mas as admissões estão obviamente condicionadas às encomendas e os contratos terão a duração de três anos.
A solução encontrada pelo governo para resolver a crítica situação dos Estaleiros de Viana, que estavam há dois anos praticamente parados, aconteceu depois de a Comissão Europeia ter impedido a sua privatização. A decisão de Bruxelas prende-se com ajudas ilegais do Estado à empresa, no valor de 181 milhões de euros, efectuadas nos governos socialistas de José Sócrates. Com esse problema entre mãos, o Ministério da Defesa optou então pela subconcessão, que teve dois concorrentes: a Martifer e um grupo russo, que entretanto foi excluído por ter apresentado a proposta definitiva fora do prazo.
400 POSTOS DE TRABALHO A nova empresa a criar pelo grupo português, que já detém a NavalRia, em Aveiro, pretende, de acordo com a Martifer, "desenvolver a sua actividade no mercado nacional e internacional e implementar, nas áreas afectas à subconcessão, um projecto de construção e reparação naval, no âmbito do qual se prevê a criação de cerca de 400 novos postos de trabalho ao longo dos próximos três anos".
Números bem diferentes dos do passado dos Estaleiros de Viana. Fundados a 4 de Junho 1944, no âmbito do programa do governo de Oliveira Salazar para a modernização da frota de pesca do largo, os Estaleiros de Viana chegaram a empregar, de forma directa, cerca de 2 mil trabalhadores e em 69 anos construíram mais de 220 navios de todos os tipos.
Apesar de o caminho estar traçado desde o lançamento do concurso da subconcessão, a decisão de despedir os 620 trabalhadores originou de imediato protestos dos visados, da oposição e da câmara local, que avançou ontem com um pedido de inquérito parlamentar. O ministro da Defesa, José Pedro Aguiar-Branco, recebeu ontem representantes dos trabalhadores para os informar do despedimento colectivo, que vai avançar durante o mês de Dezembro, para que em Janeiro a West Sea possa entrar nos estaleiros com a empresa preparada para uma nova fase da sua vida, em mãos privadas depois de 38 anos nas mãos do Estado.


Fonte: Ionline

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