Empresa
nacionalizada em 1975 estava há mais de dois anos parada, com 620
trabalhadores que vão ser alvo de despedimento colectivo
A
polémica ainda vai durar uns dias mas o destino dos Estaleiros de
Viana está traçado. A empresa, criada em 1944 e nacionalizada em
Setembro de 1975, acabou e vai dar lugar em Janeiro à West Sea, uma
empresa privada do grupo Martifer, que ganhou o concurso para
subconcessão dos terrenos e instalações dos estaleiros até 2031,
mediante o pagamento de uma renda anual de 415 mil euros. Os actuais
620 trabalhadores vão ser alvo de um despedimento colectivo em que o
governo espera gastar entre 25 e 30 milhões de euros. A nova empresa
admite voltar a contratar alguns dos trabalhadores entretanto
despedidos, até 400, mas as admissões estão obviamente
condicionadas às encomendas e os contratos terão a duração de
três anos.A solução encontrada pelo governo para resolver a crítica situação dos Estaleiros de Viana, que estavam há dois anos praticamente parados, aconteceu depois de a Comissão Europeia ter impedido a sua privatização. A decisão de Bruxelas prende-se com ajudas ilegais do Estado à empresa, no valor de 181 milhões de euros, efectuadas nos governos socialistas de José Sócrates. Com esse problema entre mãos, o Ministério da Defesa optou então pela subconcessão, que teve dois concorrentes: a Martifer e um grupo russo, que entretanto foi excluído por ter apresentado a proposta definitiva fora do prazo.
400 POSTOS DE TRABALHO A nova empresa a criar pelo grupo português, que já detém a NavalRia, em Aveiro, pretende, de acordo com a Martifer, "desenvolver a sua actividade no mercado nacional e internacional e implementar, nas áreas afectas à subconcessão, um projecto de construção e reparação naval, no âmbito do qual se prevê a criação de cerca de 400 novos postos de trabalho ao longo dos próximos três anos".
Números bem diferentes dos do passado dos Estaleiros de Viana. Fundados a 4 de Junho 1944, no âmbito do programa do governo de Oliveira Salazar para a modernização da frota de pesca do largo, os Estaleiros de Viana chegaram a empregar, de forma directa, cerca de 2 mil trabalhadores e em 69 anos construíram mais de 220 navios de todos os tipos.
Apesar de o caminho estar traçado desde o lançamento do concurso da subconcessão, a decisão de despedir os 620 trabalhadores originou de imediato protestos dos visados, da oposição e da câmara local, que avançou ontem com um pedido de inquérito parlamentar. O ministro da Defesa, José Pedro Aguiar-Branco, recebeu ontem representantes dos trabalhadores para os informar do despedimento colectivo, que vai avançar durante o mês de Dezembro, para que em Janeiro a West Sea possa entrar nos estaleiros com a empresa preparada para uma nova fase da sua vida, em mãos privadas depois de 38 anos nas mãos do Estado.
Fonte: Ionline
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