segunda-feira, 15 de julho de 2013

Vela tenta reencontrar o caminho do sucesso


Nos anos 90, a vela viveu um período de ouro que teve o ponto alto com a medalha de bronze de Hugo Rocha e Nuno Barreto nos Jogos Olímpicos de Atlanta. Porém, actualmente a modalidade vive uma fase de reestruturação, depois de em 2010 ter ficado sem verbas estatais. Enquanto a vela reestrutura o seu futuro, a canoagem tenta aproveitar o bom momento que atravessa para confirmar Portugal como referência mundial, tanto a nível de atletas como a nível de estruturas e organização de eventos. E depois há o "kitesurf", que já deu uma campeã do mundo ao País.

Entre 2010 e 2011 a vela viveu um período negro e ainda hoje está a pagar a factura desse ano sem receber verbas estatais. Porém, uma das principais modalidades em Portugal - em Atlanta"96 ganhou o bronze - tenta reencontrar o caminho do sucesso, a pensar não só no programa olímpico, mas também na formação de novos atletas, contornando as dificuldades financeiras e a ausência de um Centro de Alto Rendimento.
José Leandro, presidente da Federação Portuguesa de Vela, tenta mudar mentalidades para que a modalidade possa alcançar de novo um lugar de referência no desporto português, realçando ainda que quer garantir um futuro sustentável para os jovens atletas. O dirigente evita queixar-se da redução dos apoios financeiros (há dois anos eram de 900 mil e este ano passou para 600 mil), preferindo um discurso mais optimista: reestruturar a vela com o dinheiro que tem. "Quando fui eleito [tomou posse em 2009] entendi que a federação devia ser mais do que preparar equipas olímpicas", diz ao DN.
Salientando que "a competição é fundamental", o presidente considera "mais importante criar bases", dando como exemplo a necessidade de não só apoiar os clubes como também de existir a possibilidade de estes serem autos-suficientes. Sugere que os clubes possam criar pólos de negócios" para que tenham mais dinheiro para investir em melhores condições para os praticantes, tornando o desporto mais acessível e ajudando a terminar com o estigma de modalidade elitista.
Uma das formas que a federação encontrou para rentabilizar dinheiro foi terminar com treinadores individuais. Isto é, actualmente um técnico não tem apenas um velejador, mas sim uma classe de vela para orientar.
Parte do orçamento anual é também investido no plano de alto rendimento, que pretende dar uma maior estrutura aos mais jovens atletas. José Leandro exemplifica que um dos objectivos é orientar os velejadores a escolherem a melhor classe, oferecendo-lhes o acompanhamento para que possam evoluir a nível competitivo e como pessoas.
Numa altura em que os Centros de Alto Rendimento (CAR) são uma aposta no País, a vela surpreende por não ter nenhum. José Leandro aponta o dedo a direcções anteriores da federação. "Perdemos o CAR se calhar a favor de alguns interesses", diz. Como o dinheiro disponível para este investimento já foi distribuído por outras modalidades, o dirigente tenta agora criar um CAR, ou um centro de treino, como lhe chama, com as infraestruturas já existentes. O Porto de Recreio de Oeiras tornou-se um lugar importante, pois a federação tem todos os meios disponíveis sem pagar nada. José Leandro espreita ainda a oportunidade de utilizar a Pousada da Juventude junto à marina, que está vazia.
Quando se fala de dinheiro, é inevitável recuar ao ano negro, quando o então secretário de Estado da Juventude e Desporto, Laurentino Dias, ordenou a suspensão dos apoios financeiros resultantes de contratos-programa, no âmbito do estatuto da federação de utilidade pública. Refere que a actual direcção herdou uma dívida de 800 mil euros, mas quando as verbas foram suspensas e com a falta de pagamento de, por exemplo, impostos, quando a suspensão foi levantada a dívida havia subido para o dobro. Agora diz que está nos 760 mil euros e que há abertura do actual secretário de Estado, Emídio Guerreiro, em resolver "pelo menos parte do problema", para evitar uma resolução em tribunal, a quem a federação recorreu.
Apesar de todas as dificuldades, José Leandro acredita que é possível voltar a alcançar resultados de referência, recordando que em Londres de 2012 a vela teve a maior comitiva de sempre, apesar de ter menos dinheiro, e mesmo com todos os problemas que marcaram a preparação dos velejadores, Portugal conquistou dois diplomas olímpicos. "Sempre que apostamos, temos bons resultados."

Fonte: DN

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