terça-feira, 16 de julho de 2013

Medicamentos debaixo de água


Três mergulhadores seguiram uma expedição submarina, perto de Nice, na costa francesa, mas não é um mergulho de lazer, são cientistas que embarcaram na primeira etapa de um projecto de investigação.
Estão à procura de um tipo de esponja denominada “crambe crambe”, que produz moléculas que podem ser usadas ​​para fazer novos medicamentos.
Este tipo de esponja vermelha cobre as rochas como uma película, por isso é muito difícil de recolher. Para a desprenderem da rocha os mergulhadores usam suavemente um martelo e uma faca. A esponja é um organismo extremamente frágil e deve ser mantido vivo.
Euronews: “As esponjas recentemente capturadas são transportadas num recipiente especial para este edifício do século 18, que abriga o Observatório Oceanográfico de Villefranche. Lá vão ser cultivadas e estudadas.”
As esponjas são transportadas em recipientes que contêm água do mar. Uma vez cultivadas neste aquário, devem ser mantidas em condições climáticas adequadas para a sua sobrevivência.
Eva Ternon, Investigadora, Universidade de Nice: “Vamos estabelecer as condições ideais para produzir as moléculas, por isso vamos definir a temperatura da água, a luz e também o débito de água que acaba de chegar do mar, por isso é água natural, para que possam produzir o máximo número de moléculas interessantes.
“Submetemos as esponjas regularmente ao stress, raspamos os tecidos externos, porque é nestes casos que as esponjas produzem moléculas na água do mar. Desenvolvemos um procedimento que nos permite extrair essas moléculas e analisá-las em laboratório.”
Tudo isto está a ser feito no âmbito de um projecto europeu denominado BAMMBO -moléculas biologicamente activas de origem marinha, que visa a produção sustentável de medicamentos que vêm do mar. O projecto é dirigido pelo Instituto de Tecnologia de Limerick, na Irlanda.
As moléculas são transportadas para laboratórios, para serem analisadas e purificadas quimicamente. Cada uma pode ser usada em diferentes aplicações terapêuticas – principalmente contra o cancro, mas também contra a doença de Alzheimer, de Parkinson e também como antibacterianos e antifúngicos.
Euronews: “Porque é que as moléculas derivam de organismos marinhos, em vez de outros tipos de organismos?”
Olivier Thomas, Professor, Universidade de Nice: “O ambiente marinho é único no sentido em que encontra muitas criaturas que são essencialmente estáticas – fixas em rochas e assim por diante. Que têm que se defender através da produção de moléculas activas. Desenvolvemos um procedimento para a produção destas moléculas em grandes quantidades, que respeita o ambiente, mais do que outras produções de moléculas que se baseiam na síntese química. Isto significa que os organismos permanecem vivos, que apenas as moléculas são extraídas e o ambiente pode manter os organismos vivos”.
A actividade biológica das moléculas, a sua capacidade de erradicar o cancro deve ser testada. Os testes são feitos em animais vindos do mar, como nos ouriços do mar. O processo de multiplicação celular nestes organismos é muito próximo ao observado nos seres humanos e a elevada taxa de multiplicação é próxima da das células cancerosas.
Desta forma, uma molécula que evita a divisão celular no embrião de um ouriço-do-mar pode ter propriedades anti-cancro. Ao microscópio pode ver-se a multiplicação celular num embrião de ouriço do mar.
Os recursos do mar ainda estão pouco explorados e a nossa capacidade de tirar o maior partido deles é crucial. Entre a biodiversidade marinha, os invertebrados, como as esponjas contêm os ingredientes que podem levar a toda uma nova geração de medicamentos.
Fonte: Euronews

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