A construção de dois navios asfalteiros para a Venezuela vai arrancar na segunda-feira nos Estaleiros de Viana com a chegada do primeiro lote de aço, anunciou a secretária de Estado da Defesa.
"É uma boa notícia para a actividade industrial e, logo, é uma boa notícia para todos porque é isso que, em última análise, interessa aos trabalhadores, interessa à empresa e interessa ao governo português, interessa à actividade e à reindustrialização do nosso país", afirmou à Lusa Berta Cabral.
Este contrato com a empresa de Petróleos da Venezuela (PDVSA), no valor de 128 milhões de euros, foi rubricado em 2010 mas a construção nunca chegou a arrancar devido às dificuldades financeiras e de contratação pública sentidas pelos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC), tendo sido alvo de sucessivas renegociações.
Trata-se do único contrato activo na carteira de encomendas dos estaleiros de Viana e implica a construção de dois navios de 188 metros de comprimento destinados ao transporte de asfalto a altas temperaturas.
"Para nós é um sinal (início do corte do aço) muito positivo para a manutenção desta actividade industrial em Viana do Castelo, que é obviamente aquilo que nos motiva neste momento, é levar este contrato até ao fim", disse ainda a secretária de Estado adjunta e da Defesa Nacional.
O anúncio da entrega do aço, encomendado em Abril pela administração dos estaleiros a um fornecedor da Macedónia, coincide com a reunião de hoje, na Venezuela, da Comissão Mista de Acompanhamento Bilateral dos negócios entre os dois países, em que participou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas.
Deste encontro, sublinhou Berta Cabral, resultou - entre vários acordos noutros sectores - o "compromisso político" e o "empenho" dos governos dos dois países de "pôr em execução e levar até ao fim" o contrato de construção destes dois navios asfalteiros em Viana do Castelo.
"É de facto uma boa notícia, os trabalhos vão dar início na próxima semana", enfatizou a secretária de Estado.
O aço que deverá chegar aos ENVC é o primeiro lote da matéria-prima necessária para que, até 30 de Junho o contrato com a Venezuela esteja em cumprimento, explicou à Lusa fonte da administração da empresa.
Até Junho de 2011, disse a mesma fonte, os estaleiros receberam da Venezuela, no âmbito deste contrato, cerca de nove milhões de euros, verba que foi utilizada noutras obrigações "que não relacionadas com o contrato", nomeadamente salários, o que "dificultou" o cumprimento das várias fases de construção.
Na sequência do encerramento do processo de reprivatização dos ENVC, devido à investigação de Bruxelas às ajudas estatais concedidas entre 2006 e 2011, o ministério da Defesa Nacional anunciou, em abril, o início da construção destes navios asfalteiros.
Segundo o entendimento do Governo português, os ENVC têm de devolver essas ajudas, contabilizadas pela Comissão Europeia em 181 milhões de euros, "ou não podem prosseguir na sua actividade , que envolve actualmente 620 trabalhadores.
Por a empresa não dispor desta verba, o Governo anulou o processo de reprivatização e optou, em alternativa, por um concurso público para a "subconcessão dos terrenos que actualmente são ocupados pelos estaleiros" em paralelo com o encerramento daquela unidade.
Fonte: Lusa

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