Eleições Legislativas possuem sempre um impacto nas
políticas do mar, pois cada partido possui uma visão própria e coincidem
muito pouco nas suas ideias.
Como sempre fazemos em cada acto eleitoral, revelamos o que
é proposto por cada partido com assento parlamentar (Por ordem do resultado da
última eleição):
Iniciativa Liberal
A Iniciativa Liberal não possui uma secção dedicada ao Mar,
mas encontramos inúmeros pontos de referências dentro do seu Programa Eleitoral:
6.2. Aproveitar todo o potencial do mar português
Já há demasiado tempo que se fala no potencial do mar sem
que se dê seguimento ao desenvolvimento desta área. A Iniciativa Liberal vai
desbloquear o potencial económico do mar com uma estratégia focada na desburocratização,
na atração de investimento e na proteção eficaz dos seus recursos naturais.
Para isso, precisamos de uma diplomacia económica e
articulação no âmbito da União Europeia que demonstre que estamos dispostos a
dar todos os passos necessários para que os nossos recursos vivos e não vivos
sejam postos ao serviço da economia, da ciência e do ambiente. Será esse o
esforço que justificará e acelerará a expansão da nossa plataforma continental
e potenciará a economia de alto valor acrescentado a que a Iniciativa Liberal aspira.
A Iniciativa Liberal está comprometida com o objetivo de
proteger 30% da nossa área marítima, conforme os nossos compromissos europeus,
em cooperação com o setor privado e não-governamental, e com base em objetivos e
indicadores concretos. O mercado de carbono voluntário, um investimento na
recolha de dados sobre mar e a contabilização dos serviços de ecossistemas, à
semelhança do que propomos para as áreas protegidas em terra, assegurarão uma
política de gestão ativa no mar.
Rever a Estratégia Nacional para o Mar
A atual Estratégia Nacional para o Mar 2021– 2030 sofre dos
males comuns nas dezenas de Estratégias que têm vindo a ser promovidas pelo
Partido Socialista: é uma estratégia apenas em nome, altamente dispersa no seu foco,
que não faz opções de políticas públicas e pretende tomar todas as medidas ao
mesmo tempo no mesmo prazo, sem definir indicadores chave ou sequenciamento de
ações. O Plano Nacional derivado desta estratégia define nada mais do que 185
medidas a executar em 9 anos, definindo 40 como emblemáticas’’ entre 13 áreas
de intervenção prioritárias.
Por isso, a Iniciativa Liberal começará por rever esta
estratégia, definindo como eixos prioritários a dinamização económica dos
recursos vivos e não vivos do mar, o incremento da vigilância e do mapeamento
dos recursos marítimos que temos, e a dinamização do mercado de créditos de
carbono, três eixos fundamentais de ação que poderão desbloquear os restantes
na economia do mar.
Promover um setor portuário mais competitivo
O último relatório da OCDE relativo às políticas de atração de investimento em Portugal é claro: Portugal ainda restringe demasiado a atividade portuária face aos seus pares europeus, acabando a fornecer, muitas vezes, um mau serviço alfandegário e protegendo excessivamente o mercado português. Por isso, a Iniciativa Liberal considera que todas as concessões portuárias devem ser sujeitas a concurso público internacional, ao contrário da prática das extensões das concessões sem concurso. Deve ser também liberalizada a cabotagem por parte de navios de bandeira estrangeira, incentivando o setor doméstico a modernizar-se e a tornar-se mais competitivo. Estas medidas serão importantes na melhoria do panorama de serviços de transporte marítimo, desde que acautelem sempre, no entanto, os riscos geopolíticos associados à política portuária.
Desbloquear o desenvolvimento da bioeconomia azul
Hoje, a economia do mar vai muito para além das pescas. A bioeconomia azul aposta tanto na valorização de novos ativos biológicos e nãobiológicos, como na circularidade da atividade pesqueira, que tem pela sua frente um caminho de digitalização e inovação. Infelizmente, permanece difícil reintroduzir resíduos de biomassa na economia por dificuldades de licenciamento por parte da APA, o que com a vontade política certa pode ser facilmente desbloqueado. Na aquacultura encontramos também barreiras ao início da atividade, ainda que este seja uma das fileiras mais promissoras da bioeconomia azul, devida à elevada procura por pesca sustentável a preços competitivos: entre 2011 e 2021, a aquicultura portuguesa duplicou as suas vendas em quantidade, tendo mais do que triplicado o seu valor, passando de 53 milhões para 162 milhões de euros.
Criar a Plataforma Única de Dados do Mar
Existem inúmeras universidades, portuguesas e estrangeiras, empresas e institutos públicos, como é o caso do IPMA, a colecionar informação oceanográfica de alto valor científico e económico que podem ser fulcrais na promoção do cluster marítimo e na atração de investimento direto estrangeiro. Esta plataforma também será importante na informação dos decisores públicos na criação de políticas públicas que promovam uma resposta eficiente e baseada na ciência. Para isso será fundamental criar uma base de dados de acesso público que reúna e permita o tratamento dos dados recolhidos por todas estas entidades para que se possa valorizar os ativos presentes no nosso mar e informar eficientemente sobre os desafios do nosso território.
Debater a mineração em mar profundo com dados e sem demagogia
Se conhecermos melhor o nosso mar, estaremos mais preparados para responder a dilemas como é o caso da mineração de mar profundo, ao qual muitos dos partidos da Assembleia da República têm respondido com o apoio a uma moratória assente no princípio da precaução. Mas se o mar pode conter recursos essenciais à transição energética, não podemos decidir, sem mais dados, bloquear a sua exploração e muito menos a prospecção até 2050, o ano em que pretendemos alcançar a neutralidade carbónica. Podemos adotar uma política de prospeção dos depósitos existentes em colaboração com o conhecimento científico de modo a entendermos os reais efeitos da sua exploração. Por isso, defenderemos um debate bem informado que equacione todos os custos e benefícios da exploração em mar profundo.
Lançar programas de restauro de ecossistemas marítimos e costais, valorizar os serviços de ecossistemas marinhos
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