domingo, 14 de abril de 2024

Entrada do Irão no conflito pode prolongar Crise do Mar Vermelho.


A crise no Mar Vermelho iniciou o ano passado (19 outubro 2023), prolongando para 2024, e até agora sem fim a curto prazo, e transformando a habitual dinâmica do comércio marítimo, numa adaptação abrupta de modo a manter as cadeias de abastecimento em funcionamento, na semelhança que aconteceu durante a pandemia do Covid-19, mas obviamente com um impacto muito menor em relação a esse período mencionado.

O Irão, indirectamente, participa neste conflito, devido ao seu apoio aos rebeldes houthis do Iémen, que tem semeado o caos naquela região do globo, tendo tomado iniciativas duras e mortíferas nos navios que passam pelo estreito de Bab El Mandeb rumo ao Mar Vermelho e consequentemente ao Canal do Suez.

A relação entre Israel e Irão foi sempre complexa e marcada por vários tipos de tensões, por motivos religiosos, históricos e geopolíticos. São duas potências na região do Médio Oriente, e é notório a hostilidade e rivalidade que ambos os lados sentem.

Outro detalhe não menos importante, é o facto de ambos os países serem potências nucleares. Essa questão tem ajudado a cimentar as tensões já existentes em virtude desse detalhe. Ambos possuem programas nucleares bem definidos, apesar das motivações para a existência dos mesmos sem diferentes.

A entrada em jogo do Irão, com um ataque a Israel, derivado de outro ataque que Israel tinha feito na Síria, e que tinha atingido o consulado iraniano nesse mesmo país. O Irão muito provavelmente estaria à espera de um “pretexto” para entrar no conflito, e Israel proporcionou esse motivo. Israel, que tem levado uma atitude bélica sem precedentes, pode continuar o caminho de retaliação, abrindo mais uma brecha, que poderia eclodir em frentes diferentes (A actual na Palestina, uma “briga” com o Irão, e envolvendo a Síria).

Como todos sabemos, sempre que há um conflito nesta região, é sempre imprevisível, deixando um rasto de destruição, problemas e o agravar da hostilidade.

Esta possível entrada do Irão do conflito, irá por certo agravar a crise do Shipping no Mar Vermelho, ( Como se já se viu na apreensão do porta-contentores registado com bandeira portuguesa, o MSC Aries), o que fará por certo que a alternativa da Rota do Cabo prossiga durante mais tempo do que seria expectável ou até preferível, apesar de ter havido uma resposta concludente na altura do inicio deste conflito.

Os custos tem aumentado exponencialmente, seja pela questão do combustível extra que a rota impõe, seja pelo aumento da taxa europeia EU ETS, que tem praticamente triplicado em função da rota alternativa. Isto reflecte-se obviamente no custo do frete, que tem subido imenso nos últimos meses. Apesar da vontade demonstrada tanto pelos EUA e Reino Unido, tanto como pela EU ( Através da iniciativa de defesa ASPIDES), seria importante que houvesse uma forte imposição diplomática de forma a diminuir a tensão e haver entendimentos mínimos, não só para parar o conflito e o expandir do mesmo, bem como devolver a normalidade ao sector do shipping, tão fustigado por vários motivos desde da pandemia do Covid-19. Se haverá sucesso a curto/médio prazo? Veremos o desenvolvimento nas próximas semanas.






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