A crise no Mar Vermelho iniciou o ano passado (19 outubro
2023), prolongando para 2024, e até agora sem fim a curto prazo, e
transformando a habitual dinâmica do comércio marítimo, numa adaptação abrupta
de modo a manter as cadeias de abastecimento em funcionamento, na semelhança
que aconteceu durante a pandemia do Covid-19, mas obviamente com um impacto
muito menor em relação a esse período mencionado.
O Irão, indirectamente, participa neste conflito, devido ao
seu apoio aos rebeldes houthis do Iémen, que tem semeado o caos naquela região
do globo, tendo tomado iniciativas duras e mortíferas nos navios que passam
pelo estreito de Bab El Mandeb rumo ao Mar Vermelho e consequentemente ao Canal
do Suez.
A relação entre Israel e Irão foi sempre complexa e marcada
por vários tipos de tensões, por motivos religiosos, históricos e geopolíticos.
São duas potências na região do Médio Oriente, e é notório a hostilidade e rivalidade
que ambos os lados sentem.
Outro detalhe não menos importante, é o facto de ambos os
países serem potências nucleares. Essa questão tem ajudado a cimentar as
tensões já existentes em virtude desse detalhe. Ambos possuem programas nucleares
bem definidos, apesar das motivações para a existência dos mesmos sem
diferentes.
A entrada em jogo do Irão, com um ataque a Israel, derivado
de outro ataque que Israel tinha feito na Síria, e que tinha atingido o consulado
iraniano nesse mesmo país. O Irão muito provavelmente estaria à espera de um “pretexto”
para entrar no conflito, e Israel proporcionou esse motivo. Israel, que tem
levado uma atitude bélica sem precedentes, pode continuar o caminho de retaliação,
abrindo mais uma brecha, que poderia eclodir em frentes diferentes (A actual na
Palestina, uma “briga” com o Irão, e envolvendo a Síria).
Como todos sabemos, sempre que há um conflito nesta região, é
sempre imprevisível, deixando um rasto de destruição, problemas e o agravar da
hostilidade.
Esta possível entrada do Irão do conflito, irá por certo
agravar a crise do Shipping no Mar Vermelho, ( Como se já se viu na apreensão
do porta-contentores registado com bandeira portuguesa, o MSC Aries), o que
fará por certo que a alternativa da Rota do Cabo prossiga durante mais tempo do
que seria expectável ou até preferível, apesar de ter havido uma resposta
concludente na altura do inicio deste conflito.
Os custos tem aumentado exponencialmente, seja pela questão
do combustível extra que a rota impõe, seja pelo aumento da taxa europeia EU
ETS, que tem praticamente triplicado em função da rota alternativa. Isto
reflecte-se obviamente no custo do frete, que tem subido imenso nos últimos
meses. Apesar da vontade demonstrada tanto pelos EUA e Reino Unido, tanto como
pela EU ( Através da iniciativa de defesa ASPIDES), seria importante que houvesse
uma forte imposição diplomática de forma a diminuir a tensão e haver
entendimentos mínimos, não só para parar o conflito e o expandir do mesmo, bem
como devolver a normalidade ao sector do shipping, tão fustigado por vários
motivos desde da pandemia do Covid-19. Se haverá sucesso a curto/médio prazo?
Veremos o desenvolvimento nas próximas semanas.
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